O Reino da Lunda (1050-1887), também conhecido como
Império Lunda, foi uma Confederação africana pré-colonial de estados, desde o
Katanga, desde o Rio Luio até Liambeji ou Zambeze e o noroesteda Zâmbia. O seu
estado central ficava no actual Katanga ou a capital Imperial a famosa
MUSSUMBA.
O
Reino da Lunda ficou dividido no século XIX, quando ocorreu as guerras
intestinais na Corte daFamília Real do Império entre o século XIV, XV ou XVI e
por causa do tabú da Soberana Lueji. O Reino dividiu-se em trés partes, sendo;
Reino Lunda Luba, Reino Lunda Ndembo, Reino Lunda Tchokwe.
No Séc.XVIII,
uma parte do povo decidiu migrar para a região do atual Moxico, dando origem ao
povo Tchokwé (Kiôco). Foi o primeiro sinal de fragmentação do Reino Lunda, que
talvez fruto do crescimentoeconômico, ou das facilidades de vida, dadas pela
exuberância do solo, foram-se entregando mais aos prazeres da vida do que aos
interesses do Reino.
Dos principais
cultos e cerimónias culturais destacam-se mahamba, ukule e
mucanda.
Quanto à mahamba (plural
de hamba), esta trata do culto aos espíritos tutelares (espíritos
ancestrais ou da natureza) que estão representados por estatuetas, árvores,
pedaços de termiteiras e máscaras. Para garantir a proteção diária ou apaziguar
um espírito, são realizadas ofertas, sacrifícios e orações. Se algum hamba estiver
zangado, pode provocar doenças ou prejuízos no transgressor, como infertilidade
nas mulheres e azar na caça feita pelos homens.
Relativamente
à ukule, que consiste num ritual de iniciação feminina, realiza-se
aquando da primeira menstruação (ukule) da adolescente. Esta cerimónia é
constituída por várias etapas durante as quais a jovem (kafundeji)
aprende uma dança do ventre (apreciada pelos Tshokwe e que antecipa as relações
sexuais), recebe instruções sobre o acasalamento, é pintada com tatuagens
púbicas (mikonda) para fins eróticos e, juntamente, com o seu futuro
noivo, procede a diversos rituais que culminam na consumação do casamento dos
dois jovens.
No que respeita
à mucanda, que se efetua durante a puberdade, trata-se dum ritual de iniciação
masculina durante o qual as crianças são circuncidadas. Mucanda designa o campo
cercado com palhotas redondas, no qual os iniciados, tundandji (plural
de kandandji), vivem afastados das suas famílias por um período de
um a dois anos. A iniciativa de um ritual mucanda é tomada pelo chefe da
aldeia. A máscara kalelwa marca o início e o fim do ritual e
proíbe severamente a aproximação de mulheres à mucanda. Durante o retiro, os
iniciados aprendem os procedimentos das cerimónias de culto, fazem máscaras
para os rituais e exercitam diferentes tipos de dança, que serão executadas
diante da comunidade a fim de mostrarem o seu talento como dançarinos.
Relativamente
às máscaras, há três grandes tipos de máscaras: o primeiro tipo, designado porCikungu ou mukishi
wa mwanangana, corresponde à máscara sacrificial sagrada e representa os
antepassados do chefe tribal; o segundo tipo denomina-se mukishi a ku
mukanda e equivale às máscaras da mucanda, das quais são exemplo
a Cikunza e a Kalelwa que, depois do ritual,
são queimadas; finalmente, o terceiro tipo, designado mukishi a
kuhangana, corresponde às máscaras de dança - as mais conhecidas e as mais
frequentes em museus e coleções privadas - sendo as máscarasCihongo (para
os homens) e Pwo (para as mulheres) os modelos principais.
Salienta-se que a palavramukishi (plural de akishi)
indica que um espírito ancestral ou da natureza encarna na máscara. O mascarado
não é identificável, pois está encoberto com a máscara e com um fato feito de
fitas entrelaçadas que lhe cobre as mãos e os pés. Segundo a tradição dos
Tshokwe, aquele que põe a máscara perde as suas qualidades humanas e incorpora
o espírito.
Este povo
desenvolveu também uma arte de corte refinada e poderosa, sobretudo, através da
escultura de estátuas, cetros, tronos, instrumentos de música, entre outros. De
destacar a famosa estatueta do Pensador ou Velho (Kalamba
Kulu), que se tornou um símbolo de Angola.
Povo do Nordeste de Angola (províncias de Lunda Norte,
Lunda Sul e Moxico), do Noroeste da Zâmbia e do Sudoeste da República
Democrática do Congo (Katanga, Kasaï, alto Kwango), estimado em 1 000 000 de
indivíduos. O nome Tshokwe apresenta algumas variantes (Tchokwe, Chokwe,
Batshioko) e, entre os portugueses, ficaram conhecidos por Quiocos.
Os Tshokwe viviam na Serra de Muzamba, a norte de
Angola, quando foram invadidos, no final do século XV, pelos Lunda. A partir de
1830, conseguiram libertar-se do poderio dos invasores e empreenderam uma
enorme expansão com o apoio de armas e de tráfico, essencialmente, de marfim,
escravos e cera. A expansão dos Tshokwe atingiu o seu auge social e cultural
durante os séculos XVIII e XIX, chegando a apoderar-se da capital dos Lunda, em
1887. Posteriormente, enfraquecidos pelas doenças e submetidos ao domínio dos
portugueses e dos belgas, os Tshokwe procuraram salvaguardar a sua autonomia,
migrando para leste e tornando-se semi-nómadas.
Os
povos desta Província praticam e com grande mestria as seguintes danças:
akiski, cianda, cisela, kalukuta, kandowa, makhopo, maringa, kandjendje, e
likembe (para os Cokwe), canga, bilumbo e kathakangalala (para os kakongo e
matapa), dingumbe, tvulemba, kariangu, kasebu, diximbi e phamba, (para os
luba), ku-ndulave (para os Basuku), marimba (para os bondo /Bângala) entre
outras, que são praticadas em cerimonias festivas, rituais, recepção de
visitantes, entronização de chefes tradicionais e em entretenimento e, apoiadas
por uma variedade de instrumentos musicas: batuques, cingunvu, ndjimba,
cissanje, muiyemba (xilofones), nas quais intervém também mascarados akishi e
aqui o destaque vão para as máscaras: cikunza (patrono da mukanda), cikungu
(ligado às cerimonias de investidura dos grandes chefes tradicionais), mwana
phowo (que representa a beleza e o encanto das mulheres cokwe), cihongo (que
representa a coreografia tradicional cokwe) e katoyo (representante das danças
recreativas) entre outras lúdicas ou jocosas dos grupos étnicos que habitam a
Província.
- Povos com uma história pelo contributo e
participação no processo de colonização (destacando-se às figuras históricas da
região soba Khelendende, último dignitário da resistência portuguesa, soba
Kawngula, Ngunza Kawona, entre outros).
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Por: WikiEstuda
Óptimo conteúdo. Foi bastante útil
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